O Efeito Bumerangue
Duas noites depois, novamente no final da longa estrada de terra que percorria os fundos da mansão, ele aguardava o sinal para entrar. Era o quinto dia desde a reunião com o velho magnata. O serviço havia sido concluído no prazo. Não fora uma tarefa fácil, ele precisava admitir, mas nem de longe tinha se mostrado o desafio que havia imaginado. Nada de conspirações financeiras, nada de guerras empresariais, nada de amantes maquiavélicos ou mistérios insolúveis. Apenas um pequeno problema familiar, no meio do qual ele foi atirado sem que soubesse exatamente no que estava se metendo. No final, contudo, tudo havia se resolvido. Mais um trabalho bem executado. E o melhor pagamento que já havia recebido em todos aqueles anos nos negócios. Seria muito difícil que outro trabalho como aquele surgisse no curto prazo, mas ele considerou aumentar o preço nos crimes limpos, já que sua tabela estava inalterada há alguns anos. Quem sabe fosse possível diversificar as encomendas em mais tipos, e cobrar mais caro nos crimes mais difíceis. Ele poderia terceirizar todos os casos e ficar apenas como as execuções realmente complexas, para realmente aproveitar a emoção do desafio. Seria um recomeço interessante. Haveria espaço, desse modo, para colocar sua criatividade em prática e exercitar sua habilidade de raciocínio, como havia feito naquele caso. O resultado daquele trabalho havia sido realmente fantástico. Ainda assim, algo lhe dizia que o cliente não ficaria muito feliz. De qualquer modo, ele já havia decidido anos antes que não tentaria mais entender as pessoas. Seres humanos eram complicados: vingativos demais, sentimentais demais.
Já passava da meia-noite. Da primeira vez, o convite para entrar veio perto das nove horas. Daquela vez, porém, o velho não parecia muito disposto a recebê-lo, ou talvez estivesse apenas abatido pela doença e pela fatalidade que havia desabado sobre seu círculo familiar. A morte do secretário não devia ter sido agradável para ele. Ainda assim, fora necessária e ele teria de entender. A mansão, por alguma razão, talvez pelo luto, permanecia mergulhada em trevas. Apenas a luz do escritório iluminava o interior da casa, e no lado de fora apenas os postos de guarda tinham alguma luminosidade, fosse pelas lanternas dos seguranças, fosse pelas frágeis lâmpadas decorativas da fachada da mansão. No geral, porém, a casa parecia mais triste. Já ali, na estrada deserta que separava os muros da mansão do bosque fechado nos limites da cidade, tudo parecia exatamente igual: as mesmas árvores, os mesmos insetos, as mesmas estrelas no céu. Uma coruja muito grande cantava sossegada em um galho alto. Durante horas, fora sua única companhia naquela noite estrelada, mas depois de um tempo ela também acabou partindo, talvez em busca de alguma preza apetitosa, talvez pelo simples prazer de cortar os céus.
Câmeras desligadas. De seu posto de vigia, no interior de seu carro, ele pode perceber as inúmeras luzes vermelhas que indicavam o espectro infravermelho do equipamento de segurança se apagando. Era o primeiro passo. O portão dos fundos se abriu em seguida. A movimentação dos seguranças veio logo depois. A van já estava estacionada na frente da propriedade desde as seis horas da tarde, mas os seguranças só abandonaram seus postos de vigilância e entraram no veículo quando os ponteiros de seu velho relógio de pulso já marcavam uma hora da manhã. O motorista do velho deixou o escritório e assumiu o volante, e o automóvel só parou quando já estava muito longe da mansão, mais até do que da primeira vez. Os faróis do carro continuaram ligados. Era sua deixa para entrar.
Da primeira vez, os seguranças só retornaram a seus postos depois de quase meia hora. Não havia motivos para ser diferente daquela vez, então ele tinha bastante tempo. Com muita calma, a passos lentos para contemplar de forma um pouco mais detida a arquitetura fabulosa da mansão, ele caminhou até a entrada lateral. Uma vez no corredor, foi tão fácil quanto da primeira vez alcançar o escritório. O lugar era realmente fabuloso. Ele até podia imaginar como seria o resto da mansão, a suíte do dono por exemplo, mas o que ele realmente admirava era aquele escritório. Intuitivamente, acabou se recordando de seu minúsculo escritório na farmácia. Era desconfortável e ligeiramente humilhante. Talvez estivesse na hora de expandir. Não precisava de oito escritórios, como o velho, mas um daqueles seria um sonho de consumo realizado. Ele não poderia arcar com a decoração, certamente, nem com móveis daquele preço, mas poderia arranjar um lugar espaçoso, bem decorado e bastante confortável. Podia pagar por aquilo, e seu milhão a mais poderia até ajudar. Sim, ele decidiu, estava na hora de expandir.
De sua mesa, o velho magnata contemplou a figura que acabava de emergir das sobras. Era a mesma figura de noites atrás, certamente, mas parecia bastante diferente. O terno feio dera lugar a um suéter de lã escuro e a um gorro grosso que cobria a cabeça toda, escondendo a testa alta e revelando apenas a face penetrante. Sem os óculos e sem o terno, o sujeito parecia menos comum e mais perigoso. O suéter, apesar de grosso, marcava o corpo e demonstrava que o sujeito era mais magro e mais forte do que o terno largo deixava aparentar. Sem o terno e os sapatos esquisitos, ele também parecia menos desengonçado, quase como um daqueles palhaços de picadeiro sem sua fantasia. Não era uma mudança tão drástica, com certeza, mas chamava atenção. De qualquer modo, estava tudo acabado, e bastaria entregar o dinheiro para que nunca mais precisasse ver aquele homem horrendo. O sujeito era um grande profissional, tinha-se de reconhecer, mas havia se mostrado excessivamente sanguinário em seus métodos. Ele mesmo deveria ter preparado seu espírito para aquele tipo de resultado. Afinal havia contratado um maldito pistoleiro e não a Madre Tereza. Mas ver o corpo retalhado de seu secretário, no chão da garagem da mansão foi mais impactante do que havia imaginado. Seus próprios seguranças tiveram de limpar a cena do crime, naquele prédio velho. Segundo seu chefe de segurança, a cena no interior do apartamento era de arrepiar. E o assassino havia simplesmente abandonado os corpos sem o menor respeito, como se fossem dois trapos velhos. O corpo do secretário estava irreconhecível. Afinal, era preciso reconhecer, ele mesmo havia pedido aquilo: dor!
Ele entrou e se acomodou sobre a cadeira macia, em frente à mesa. Não fora convidado a se sentar daquela vez, mas não se importava. Nem o velho parecia se importar com sua presença naquela noite de qualquer modo. A admiração de cinco noites antes havia desaparecido de sua face. O homem também parecia muito mais abatido e realmente muito doente. Se a situação continuasse a piorar daquele jeito, o velho não duraria muito tempo. Algo lhe dizia que os inúmeros tratamentos de saúde pelos quais o sujeito precisava passar quase todos os dias haviam sido subitamente abandonados. Só isso poderia explicar aquela piora que saltava aos olhos, como se o velho magnata tivesse simplesmente desistido de tudo.
O anfitrião se ergueu, colocou outra pequena maleta sobre a mesa e a abriu. Dentro, mais algumas pilhas de dinheiro. Agora era sua vez. Ele pousou um envelope grande de papel sobre a mesa. Era a prova do trabalho concluído, as fotografias da vítima em seus momentos finais. O sujeito havia demorado mais para morrer do que ele havia imaginado quando começou seu trabalho, mas no final acabou sucumbindo. Todos sucumbiam. O resultado era de apavorar, sua obra mais bem realizada. Não era divertido, mesmo para ele, causar tanta dor. Mas o cliente havia exigido tudo aquilo, e os clientes sempre tinham razão, mesmo quando não faziam ideia do que estavam pedindo. O velho apenas observou o envelope por alguns segundos, mas não disse nada, depois apenas caminhou para perto do fogo da lareira e permaneceu em silêncio. Ele se preparou para sair. Aparentemente, o homem não queria conversa. Quando já alcançava a porta, porém, o velho perguntou:
—Então, foi uma traição?
—Foi sim. Seu empregado o traiu.
—Ele não era apenas um empregado.
—Acredito que não.
—Eu não entendo. Ele não roubou nada de mim. Eu conferi tudo.
—Certamente não. Com o salário que ganhava, nem precisaria.
—Ele não tinha um caso com minha neta, certamente, dado seus gostos sexuais.
—Não imaginei que sabia disso.
—Sempre soube. Nunca me importei com essas bobagens. Ele era um filho pra mim.
Eles ficaram em silêncio por algum tempo, então o velho prosseguiu:
—Por que raios ele mataria minha neta?
—Não matou.
—O quê? —perguntou o anfitrião, boquiaberto.
—Seu secretário não matou sua neta.
—Você o matou. Você o retalhou.
—Efeitos colaterais. Eu avisei que eles seriam inevitáveis.
—Efeitos colaterais? Mas o que aconteceu?
—Seu secretário o traiu. Ele encobriu a morte, encobriu o culpado. Foi ele quem levou o corpo para aquele hotel, pagou os funcionários para mentirem e comprou o silêncio do delegado, com a promessa de um generoso financiamento para a campanha política.
—Por que ele faria isso?
—Você ainda não entendeu, não é?
O velho o observava com o mais absoluto horror no rosto já bastante marcado pela dor. Até o cansaço da doença havia se dissipado.
—Está tudo no relatório. De forma bastante detalhada. Eu fiz minha parte. Adeus!
—Espere! —grunhiu o velho. —Minha neta não morreu naquele hotel?
—Não. Ela morreu aqui, na mansão.
O velho soltou uma risada desbotada e incrédula.
—Isso é impossível. Eu teria percebido.
—Teria? Com uma casa desse tamanho?
—O que diabos aconteceu?
Ele observou a face do velho magnata. O homem estava à beira do choque. A notícia não o havia pego em um bom momento. Ele teria de digerir aquilo, mas não parecia muito disposto a isso. O relatório no envelope havia ficado muito bem escrito e era rico em detalhes. Bastava ler, mas o velho parecia com medo de abrir o papel, como se a coisa pudesse explodir ou algo do tipo. Ele não era amigo do homem, nem a porcaria de um psicólogo, não estava disposto a amenizar a droga toda, então simplesmente falou:
—Seu filho, Alexander, matou sua neta.
—O quê? —perguntou o velho. Teve de se segurar ao encosto da cadeira, mas não chegou a desmaiar. —Isso é impossível. Ele não estava aqui. Teve de passar por exames.
—Verdade? Foi isso que seu secretário disse, não foi?
—Guilherme... Ele...?
—Limpou a bagunça... Era o feriado da independência. Seu secretário dispensou todos os empregados, incluindo a maioria dos seguranças. A ideia era passarem um belo dia em família. Seu motorista estava visitando a filha, em outra cidade, e também não estava aqui. Seu secretário apanhou seu filho naquele manicômio. Como você estava muito mal, porque havia acabado de passar por uma sessão de quimioterapia, Guilherme não trouxe seu filho de helicóptero direto para a mansão, como sempre fazia, mas fez a aeronave parar no hangar de um de seus escritórios, no centro da cidade, e trouxe seu filho de carro. Por isso você não o ouviu chegando. Eles passaram uma manhã agradável, os três, e pediram comida italiana para o almoço. Havia um belo talharim esperando por você para quando acordasse, mas você não acordou. Estava realmente mal, então eles apenas o deixaram descansar.
—Eu me lembro de ver o prato, alguns dias depois, na geladeira. —sussurrou o velho. —Tentei lembrar de quando o havia pedido, mas não consegui.
—Durante o almoço, seu filho deixou uma quantidade enorme de comida cair em sua blusa. Eles estavam almoçando no jardim lateral. Sua neta levou seu filho para o quarto e o ajudou a se ajeitar, como sempre fazia. Ela era quase como uma mãe para ele, pelo que seu secretário confessou. Foi então que as coisas deram errado.
O velho contemplava o vazio, completamente absorto. Seus olhos lacrimejavam.
—No fundo, você sempre soube que algo assim podia acontecer, não é verdade? Cheguei a achar que você havia colocado seu filho naquele lugar bonito e isolado porque tinha vergonha, ou porque queria se livrar da responsabilidade. Não que isso seja da minha conta. Mas não foi por isso, foi? Seu filho tinha surtos de violência. Era perigoso. E era simplesmente muito grande, muito forte. Por isso precisava ser acompanhando o tempo todo. Você nunca disse isso a seu secretário. Deveria ter dito. Ele teria cuidado dos detalhes. Seu filho tinha a personalidade de uma criança de seis anos, talvez menos. Mas era um homem de quarenta e dois anos. Todos aqueles desejos reprimidos. Em todos aqueles anos, nenhuma mulher, nenhuma namorada, nenhum toque. E sua neta era linda, carinhosa. Parece que ele confundiu as coisas, de algum modo. Quando seu secretário os encontrou, naquele quarto, o estrago já estava feito. Ele já a havia matado. Estava chorando, desesperado, como uma verdadeira criança. Seu secretário achou que você não resistiria ao choque. Tentou poupá-lo. Ele conversou com dois seguranças que estavam na mansão, depois entrou em contato com o delegado. O plano original era simular um acidente de carro, o que seria bem menos trabalhoso, mas o idiota do delegado acabou convencendo seu secretário de que simular um assassinato seria mais convincente. Sua neta foi levada para aquele hotel. Só dois funcionários do hotel sabiam da simulação. Os dois receberam uma boa recompensa e foram enviados para longe. Aconteceu o mesmo com os dois seguranças da mansão que participaram da simulação. Guilherme tirou seu filho do manicômio sem avisá-lo, pois não queria que ele acabasse confessando algo aos médicos ou aos psicólogos, e o colocou na casa de um velho conhecido, em um sítio, para que ele fosse cuidado. É um bom lugar. Foi fácil pegar seu filho lá.
O velho observou atentamente o rosto do assassino. A preocupação repentina desfigurava seu rosto muito mais que a dor.
—O que você fez? —perguntou ele.
—O que fui pago para fazer.
O velho se arrastou trêmulo até a mesa e abriu o envelope lentamente, como se a coisa tivesse dentes. Dentro dele, o mais puro horror. As fotos revelavam um tipo de tortura que ele jamais havia imaginado. Membros decepados, objetos afiados... O sujeito chegou até mesmo a arrancar o rosto do filho, enquanto ele ainda estava vivo, aparentemente. A agonia em seu rosto era de apavorar. O velho esmagou o envelope.
—Você é louco! —grunhiu ele.
—Não, não sou. Sou apenas um profissional. Tenho problemas sérios para compreender sensações, sentimentos. Avisei que não sou pago para tentar adivinhar o que as pessoas querem, sou pago para matar.
A face do velho foi tomada por uma fúria animalesca. Seu rosto se contorceu em uma carranca diabólica. O homem só se controlou a muito custo. Mas aquele controle repentino era pura dissimulação, ele pode perceber, como uma serpente que se encolhe para preparar o bote mortal.
—Você está certo! —sussurrou o anfitrião. —Você está certo.
O que veio a seguir aconteceu muito rapidamente. O velho endireitou sua postura. A fúria enchia seu corpo doente de força. Com muita velocidade, o homem correu para sua mesa e abriu uma gaveta. Ele não teve outra coisa a fazer a não ser atirar. Sua arma já estava preparada para aquilo desde que entrou na mansão, embora o velho não tenha percebido o perigo. O homem chegou a agarrar o revólver na gaveta, mas não teve tempo de terminar o que havia começado e desabou depois do terceiro disparo. Seu corpo frágil começou a verter sangue. O velho se sacudia e espumava de raiva, mas não conseguia mais se levantar.
Ele se aproximou. Não desejava aquilo. Nem sempre queria ver as pessoas mortas. Seu prazer com a morte e a dor não valia em todas as circunstâncias. Às vezes, depois de um trabalho muito complicado, como era aquele caso, ele só queria descansar. Mas matar era como respirar para ele, quase um reflexo. Não raramente, nem se dava conta de que havia matado alguém. Ao se aproximar, ele pode encarar a face do velho magnata, contorcida pelo ardor dos projéteis e pela raiva demoníaca. Se olhos matassem, ele certamente estaria morto. Quando apontou a arma para o disparo final, porém, o ódio cortante deu lugar ao mais profundo desalento. O velho não teria sua vingança, não do jeito que imaginava, e isso o amargurava imensamente.
Do chão, o velho contemplou a face do assassino. Sim, ele agora podia perceber, o homem era realmente de apavorar. Não havia sentimento algum ali: nem medo, nem remorso, nem amor, muito menos raiva. Encarar seus olhos era como observar o mais absoluto vazio. Era como uma força da natureza, indiferente com o sofrimento humano, retornando para ele. Seu velho pai havia lhe ensinado aquela lição, mas ele havia se esquecido do ensinamento: “quando disparamos uma arma com muita raiva contra alguém, ela pode voltar com muita força para nós”. Era o efeito bumerangue, a morte retornando para aquele que a invocara. Ele sempre havia entendido que aquilo se referia aos negócios, mas agora percebia que estava errado. Aquilo tudo estava escrito, de alguma forma. O destino dos insensatos era a violência. Era a mensagem de Levi Bar Sisi. E o velho mestre estava certo, como sempre. Seu destino era a escuridão, e o chão frio seria seu cobertor. Estava tudo acabado. O último disparo foi doloroso...
Minutos depois, da estrada, em seu carro, ele acompanhava tudo com seus binóculos. Um alarme poderoso soou na mansão. Os cães foram soltos. Homens corriam por todos os lados. Levaria horas até eles percorrerem toda a propriedade. Fora dela, levaria ainda mais tempo. Não havia nada a ser feito. O motorista do velho magnata caminhou até a varanda e deixou a cabeça pender entre as mãos. O desespero era visível. Segundos antes, o sujeito havia deixado cair o envelope com o relatório do caso. Havia visto as fotografias, certamente. E aquele desespero todo não era apenas pelo emprego, nisso ele podia apostar. Havia amizade ali, certamente algum tipo de amor, fosse qual fosse. Com o velho e os descendentes mortos, o motorista certamente herdaria ao menos parte da fortuna, e algo lhe dizia que o homem usaria todos os recursos que possuía agora para tentar capturá-lo. Sim, ele teria de cuidar daquele sujeito, mais cedo ou mais tarde, e não seria uma tarefa fácil. Naquele momento, no entanto, estava seguro, bastante longe da mansão e dos homens armados.
Dirigir não era uma opção. Ele não podia correr o risco de ligar o carro. Se o fizesse, talvez algum dos seguranças pudesse ouvir o motor ou ver os faróis. Era uma situação improvável, mas ele sempre havia apostado no controle de variáveis, era bom em prever e evitar problemas, como uma velha águia astuta. De qualquer modo, o veículo era roubado. Fora furtado alguns meses antes, por um de seus subordinados, e já havia sido usado em uma dúzia de homicídios, no mínimo. Abandoná-lo não seria problema. Nada naquele carro, nem mesmo a placa falsa, levaria a qualquer lugar. Com a maleta nas mãos, ele mergulhou na estrada deserta. A escuridão o envolveu no mesmo instante. Ele gostava dela. Ela era sua aliada. A estrada era longa. Havia algum tempo que não caminhava. O exercício faria bem para os ossos.
FIM!